sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Pobres Corações Insatisfeitos



Quando a ilusão da felicidade plena nos inquieta.
Quando o espaço em que vivemos nos asfixia.
Quando as relações nos aprisionam a sentimentos já gastos.
É porque a realidade em que agora vivemos
foi por nós cobardemente inventada.

Nesses momentos somos seres carentes de afeto,
frágeis presas a simples gestos de conquista.
Secretamente, nossos corações sangram,
por uma culpa que os atormenta pelos desgostos causados.

Quando o peso da mudança nos traz de volta a lucidez,
perante o vislumbre de que a ilusão se possa tornar realidade.
Então, ponderamos nas consequências dolorosas de nossos atos
e decidimos, numa aparente serenidade, iludir-nos mais uma vez.


Lúcia Gonçalves, abril de 2014