Contos Inéditos

Serão pequenos no tamanho, mas intensos nos sentimentos.
Histórias de AMOR umas vezes inspiradas no que são as relações de hoje em dia, outras em histórias de tempos que já lá vão e outras, porque não, no tempo que há de vir.
Todos os contos aqui partilhados são inéditos e de minha autoria.
 
Conto I
“Porque te amo.”
A manhã prepara-se para fazer-se tarde quando Amália sai apressadamente do cabeleireiro contorna a parede envidraça do café onde sabe que todas as manhãs de sábado as amigas se reúnem a beber café e colocar as banais coscuvilhices em dia, enquanto ela em casa tenta desenvencilhar-se das tarefas domésticas que jamais terminam.
Por momentos entristece-se. No interior um rosto conhecido acena-lhe num gesto convidando-a a entrar. Recusa o chamamento pois está consciente de que se quer mesmo estar despachada à hora que combinara ir jantar com as amigas vai ter de ser bastante rápida e organizada para que os três filhos e o marido não fiquem sem jantar.
À medida que vai passando pelos veículos estacionados ao longo das traseiras do Edifício Fontedeira vê refletida a imagem de uma mulher madura, elegantemente descontraída, de estatura média com uma silhueta bem contornada apesar dos quilitos a mais. Sorri-lhe. Nesse momento sente-se satisfeita por se ter deixado convencer pela jovem cabeleireira a mudar o tradicional penteado de corte direito que há anos lhe emoldura o rosto, onde começam a surgir os primeiros indícios de já ter entrado (há alguns anitos) na casa dos quarenta, por um penteado escadeado em pontas. A maior mudança é sem dúvida a franja que tapa a testa do singelo rosto moreno onde um par de olhos meigos verde azeitona é o elemento mais sensual porque contrastam com o cabelo castanho-escuro quase preto. A cada passada que dá sob os requintados sapatos de salto de cunha regozija-se com a imagem feminina que vê aparecer e desaparecer ora nas vidraças das montras, ora nas janelas dos carros estacionados.
Ao aproximar-se do novíssimo Opel Mokka de cor branca, procura atabalhoadamente, como é hábito, o comando da viatura. Entra para o habitáculo, respira fundo, baixa a pala à procura do exíguo espelho. Por breves segundo olha-se nos olhos como que querendo convencer-se de que não está a agir incorretamente. Volta a encher o peito de coragem para enfrentar os comentários da família quando chegar a casa.
À medida que a viatura desce a Avenida da Liberdade e se aproxima do Rossio onde o frondoso plátano de tronco atarracado e envelhecido é sempre um chamariz à visão o cheiro primaveril solto pelo calor repentino enamora-lhe todos os sentidos. Clicando no botão faz descer um pouco do vidro da viatura. Sorri tolamente à medida que vai antecipando os comentários do filho mais velho, das gémeas e do marido. Gui, o adolescente de dezasseis anos, vai achar que ela já não tem idade para usar aquele tipo de penteado. Por seu lado as gémeas, duas pré adolescentes de treze anos vão dar pulos de alegria pois fazem sempre questão que a mãe se arranje segundo o último grito da moda. António, o marido outrora um amante fervoroso, recebê-la-á com o habitual sorriso contido seguido do comentário “Peruca nova? Mas estavas bem como estavas! Estás sempre bonita!”, depois irá beijá-la nos lábios tão rapidamente que mal terá tempo de retribuir o gesto rotineiro que por vezes ansiava mais intenso.
 
Entretida que vai com estes pensamentos e pelos tons e aromas primaveris que lhe vão beijando as faces e alma só se apercebe que já encontra perto da rotunda da Quina das Betas quando o busto do ilustríssimo poeta José Régio lhe surge no canto do olho esquerdo. Abranda a marcha descontraída do Mokka, vira à direita, para mais lá à frente virar à esquerda junto do esqueleto mal cuidado do que em tempos fora uma parte da Fábrica Robinson ou Fábrica da rolha como lhe apelidaram os portalegrenses.
 
Já dentro da moderna urbanização Planalto onde prédios de poucos andares combinam suas cores alegres com vivendas amplas e espaçadas é tomada por uma culpa que sabe não fazer sentido mas que mesmo assim lhe vem mirrando o coração desde que decidira aceitar o convite das amigas e algumas colegas.
“Nunca foste a lado nenhum sem a família! Ai Amália que disparate é este? Nem achas grande piada a estas festas! Agora que caminhas para velha é que dás em fazer estas coisas (inspira e expira num soluço repetido). O marido não entende por que razão este ano não vão jantar em família como é habitual. O filho reclama que se assim é também quer ir jantar fora com a namorada. E as filhas acham muito bem que vá jantar com as amigas e que depois vá à discoteca. Pois o dia é mesmo para as mulheres assumirem as liberdades conquistadas ao longo das décadas. E tu Amália por que razão este ano te deixaste convencer?”
A pergunta fica sem resposta pois assim que estaciona o Opel no espaço do logradouro da vivenda a família vem recebê-la em comitiva, tal é o alvoroço que a sua saída está a motivar. Por momentos sente-se de novo uma adolescente a quem fora permitida a sua estreia na vida noturna.
O comportamento de cada elemento da família Fonseca é exatamente aquele que Amália havia suposto. Porém, à medida que vai entrando na cozinha, nas traseiras da vivenda térrea, apercebe-se dos risos disfarçados e das meias palavras que os três filhos e o marido trocam entre si. Numa cumplicidade que só se lembra ter acontecido quando há três anos decidiram organizaram uma festa surpresa para celebrar a sua entrada na quarta década de longevidade.
 
A suspeita de que o quarteto esteja a arquitetar algum plano alternativo para a celebração do Dia da Mulher desvanece-se quando Amália troca as calças justas de sarja azul, a camisa branca listada de azul clarinho, o casaco, a três quartos, azul-escuro, os sapatos de salto alto pelo fato de treino e um par de ténis super confortáveis e se dirige para a cozinha onde faz intenção de começar a preparar o peixe que o marido irá grelhar no barbecue e o arroz de pato que deixará pronto para o jantar. Não que lhe tenha sido exigido deixar preparada a última refeição do dia, mas sente essa tarefa como um género de penitência por ir divertir-se sem a companhia dos filhos e do marido.
- Deixa estar que nós fazemos o almoço. E não te preocupes com o jantar. – Informa com ar atrevido António ao entrar na cozinha. – Vá, senta-te a ver um pouco de televisão ou a ler um livro… não queremos que estragues o excelente trabalho de manicure que hoje decidiste fazer. – Beija a esposa na testa terna e demoradamente.
- Mas que novidade é esta, Tó? – Questiona de olhos esbugalhados, incrédula pela atitude tão pouco comum do esposo. - É para eu me sentir ainda mais culpada por ir fazer um programa só para mulheres? – Insiste numa postura de defesa e ataque.
- Não… quem te ouvir falar assim parece que não é habitual ajudar-te na cozinha! – Acrescenta fingindo-se mais ofendido do que se sente verdadeiramente.
Aquilo que poderia ser o início de mais um arrufo acerca da partilha das tarefas domésticas é abafado pela entrada intempestiva das gémeas.
 
- Como hoje é um dia MUITOOOOO especial decidimos que poderíamos almoçar na sala de jantar. O que dizes mãe? – Interpelam em coro enquanto se penduram do pescoço materno. – Já que não vais estar cá ao jantar… - Acrescentam com um beicinho infantil desenhado nos lábios carnudos que herdaram da mãe.
- Sabem o que vos digo? Façam como quiserem. Nunca em anos anteriores me mimaram no Dia da Mulher. Este ano, que decido ir festejá-lo com as minhas amigas é que se lembram destes mimos todos. – Volta as costas e decide ir buscar uma das tolhas de mesa que costuma utilizar em datas especiais ao aparador de cor vermelho-envelhecido que se encontra a separar o espaço onde se preparam as refeições e o espaço onde estas são desgostadas. – Sinceramente, não percebo qual é a vossa ideia!
- Depois das conversas que temos tido nos últimos dias percebi o quanto era importante para ti sair só com as tuas amigas. Julgo que o dia é apenas um pretexto para isso acontecer. – De mansinho António envolve-a, por detrás, num abraço bem apertado. – Continuo sem perceber porquê, mas pronto… devem ser necessidades femininas. - Gentilmente desvia-lhe os cabelos para o lado e beija-lhe humidamente a curva do pescoço.
 
- Então Tó, o que vem a ser isso? Olha as miúdas. – Barafusta ao mesmo tempo que o coração saltita e a pele se arrepia agradavelmente surpreendida pelo toque inesperado.
- Gosto quando “ainda” ficas atrapalhada… quase corada. – Observa satisfeito.
António envolve a cintura da esposa, fá-la rodar para si e curvando o pescoço, para equilibrar os bons vinte centímetros que tem a mais do que ela, toma-lhe a boca sofregamente como há muito não o faz. Quando se sente saciado sussurra-lhe ao ouvido numa voz masculinamente rouca “Logo à noite porta-te bem… cuidado na discoteca, sabes que andam sempre por aí uns gabirus… e não bebas muito pois fico à tua espera.” As palavras soam a muito mais do que uma advertência. Ao coração de Amália chegam como um convite para algo muito íntimo.
- Mãe, pai… mas o que é isso? Não têm vergonha… já são cotas para essas cenas! - Reclama Gui que ao passar pelo corredor se apercebe da intimidade dos pais.
 
O casal Fonseca entreolha-se, sorri e numa cumplicidade muda reza para que o filho primogénito saia o mais rapidamente possível da puberdade.
As gémeas encantadas, entre risos escondidos e estridentes, assistem à partilha de afeto entre os pais.
- Se soubesse que ias ficar assim tão excitado… já tinha começado a sair com as minhas amigas há mais tempo. – Afiança oferecendo um sorriso sedutor ao mesmo tempo que com as pontas dos dedos belisca atrevidamente os glúteos firmes resultado do exercício físico regular que dá a António um porte atlético e que ninguém diria que já caminha para os cinquenta não fossem os charmosos cabelos brancos que lhe vão nascendo junto da zona das têmporas.
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O ambiente da discoteca está ao rubro quando, já perto da meia noite, Amália e um grupo de dez amigas e colegas, já ligeiramente animadas pelo efeito vinho e da ginga oferecida pelo proprietário do restaurante, transpõem o cortinado negro que separa o hall que serve de zona de transição entre o espaço arejado da Avenida Gorge Robinson e o espaço onde a música a bombar faz pulsar o sangue a alta velocidade.
O primeiro pormenor a prender a sua atenção é o trio de dançarinos musculados que ao lado do DJ remexe provocatoriamente os corpos luzidios quase desnudados ao som da música mais badalada do momento. Atitude de Amália é a causa das gargalhadas que as companheiras mais desinibidas soltam. Num ápice o grupo invade a já concorrida pista de dança onde outros tantos bailarinos se movimentam por entre as mulheres que confiantes que nessa noite tudo lhe será permitido respondem em bamboleios ventrais às insinuações de quem está ali para animar a festa.
 Mais comedida Amália dança na companhia de algumas amigas que tal como ela não se sentem muito confortáveis com o roçar dos corpos estranhos nos seus. Talvez por senti-la mais inibida um dos bailarinos aproxima-se "predadoramente", ergue-lhe o braço, segurando-a unicamente pela ponta dos dedos fá-la rodopiar vezes sem conta.
Numa dessas tantas voltas que lhe estão a baralhar os sentidos e a agitar o a comida e a bebida que lhe fora servida durante o jantar, Amália sente uma mudança na mão que lhe faz girar o corpo. Numa ousadia que quase ia custando ao atrevido desconhecido uma pesada bofetada na face acabada de barbear é puxada contra um corpo alto e firme. Frente a frente aos peitoris, sentindo a pressão da mão masculina na zona ao fundo da coluna, tenta a custo libertar-se dos braços que a envolvem de uma forma quase familiar. Enquanto braceja, e lhe ocorre que talvez seja melhor pontapear as canelas do atrevido, ergue o queixo para num grito ordenar que a solte imediatamente. Quando os olhos verde-azeitona percorrem a linha do rosto, onde um sorriso enviesado parece deleitar-se com a sua reação, e alcançam os olhos de quem com tanta paixão a puxa para si, nessa fração de segundo, Amália deixa-se hipnotizar pelos olhos azuis quase cinzentos.
 
Para grande espanto das companheiras Amália deixa-se elevar presa pela cintura até à zona dos lábios finos mas sedentos. Ela corresponde perdidamente ao beijo que reconheceria em qualquer parte do mundo.
Assim abraçados, embalados pelo ritmo da música abandonam a pista de dança e dali a uns minutos da discoteca.
Entre risadas abafadas, beijos atrevidos e olhares promissores o casal entra na carrinha Audi A6 de cor azul metalizada.
- A senhora está preparada para ter a noite mais romântica dos últimos tempos? – Pergunta ao levar a mão feminina até junto dos lábios finos.
 
- Estou à sua inteira disposição, senhor. Surpreenda-me ainda mais.
 
Ambos soltam uma gargalhada.
Durante a viagem de regresso Amália entretém-se a olhar para o rasto de luz que foge lá fora e para a mão que na zona da caixa de mudança segura com firmeza a sua não vá ela mudar de ideias e exigir que seja levada de volta à discoteca.
 
- Posso? – Pede-lhe cavalheirescamente o seu raptor depois de estacionar o carro no logradouro.
- Mas é assim um acontecimento tão especial? – Pergunta já disposta a entrar no jogo de sedução por se ter apercebido que ele pretende levá-la ao colo até ao interior da casa.
- A senhora nem imagina como! – Alicia ao erguê-la do banco da carrinha com o mesmo há vontade de há vinte anos atrás.
- E os miúdos? – Lembra-se Amália repentinamente enquanto o marido caminha triunfante com ela nos braços.
- Fui deixá-los à tua mãe assim que acabámos de fazer os preparativos. Já estava tudo combinado. – Com a ponta do pé da esposa empurra a porta que dá acesso ao corredor onde de um lado e de outro encontram-se as portas que dão acesso aos vários quartos da vivenda. – Gosta?
- Oh Tó, mas que ideia foi esta? Quem …. Que ideia a vossa – Não consegue dizer mais nada pois o nó que sente na garganta enleia-lhe as palavras. Os olhos emocionam-se ao ver espalhadas pelo chão de parquet pequenas velas que numa luz tilintante parecem acompanhar a voz feminina interpreta “The flower Duet” de Lakmé que romantiza o ambiente.
- Os corações foram as gémeas que os fizeram. – Aponta, visivelmente emocionado, para os pequenos corações desenhados com pétalas de rosa branca ao longo do corredor, formando um género de itinerário a seguir até à porta do quarto do casal.
À entrada do quarto António pousa delicadamente a esposa no chão. Toma-a no braços e olhando-a bem no fundo do coração que sente palpitar bem junto dos abdominais diz-lhe: - Quero que saibas que já tínhamos pensado nisto antes de falares em ires sair com as tuas amigas… a bem da verdade a ideia foi das nossas filhas. Eu e o Gui só tivemos de fazer o que elas mandavam. Aquelas cachopas são demais… Quando falaste em ir sair o problema de como te tirar de casa o tempo necessário para fazer as decorações ficou resolvido… - Anda… - Abre a porta do quarto e também de espanto a boca da esposa ao deparar com o quarto transformado na cena mais romântica que vira nos últimos tempos.
Boquiaberta Amália gira pela divisão sua conhecida há já vários anos como se aquela fosse a primeira vez que ali entra. Aos pés da cama a antiga mala de viagem em tons de bege e castanho serve de poiso a dois magníficos candelabros de ferro forjado onde velas em tom de verde-seco exibem vaidosas as suas chamas. O edredão de cor crua encontra-se salpicado aqui e acolá por pétalas cor de sangue. À cabeceira da ampla cama de casal, no lugar onde vários retratos dos filhos se encontravam pendurados, fachas de organza lilás caem ao longo da parede. Para último fica a mesa redonda onde Amália identifica alguns dos seus deleites gustativos: envoltos num papel semi transparente, semi acetinado rebuçados de ovos de Portalegre “Santa Clara” escondem a sabedoria dos tempos, uma embalagem dos “Sabores de Santa” em formato de cartucho faz aparecer numa janela as suas bolachas preferidas de sabor a cerveja, dois pequenos cálices de vidro transparente são a companhia de uma sensual garrafinha de licor de groselha “Botica” onde pequenos bagos desse tão sensual fruto assentam no fundo à espera de agitarem o paladar feminino. Ao centro da mesa um feixe de lavanda seca inebria todos os sentidos.
- Estou sem palavras. – É só o que Amália consegue dizer ao correr em direção aos braços do marido. Este verga-se para que ela possa enlaçar-se ao seu pescoço e de um salto fazer passar as pernas à volta da sua cintura. De contentamento assenta as mãos nas nádegas femininas. – Como nos velhos tempos, meu velhote… - Conclui no seu habitual tom brincalhão ao oferecer-lhe os lábios carnudos.
- O melhor está para vir. – Promete confiante nos seus dotes de amante extremoso. – Porque não vamos tomar banho primeiro? – Desafia
É na casa de banho, envolta em velas e aromas a limão e canela que o casal não resistindo à nudez dos corpos se ama a primeira vez nessa noite.
De volta ao quarto, vestidos com os robes, António pede a Amália que se sente sob os lençóis de seda cor de champanhe.
- Agora, vamo-nos amar calma e demoradamente. – Sugere ao dirigir-se para a pequena mesa redonda onde as iguarias foram habilmente colocadas. – Preferes começar pelos rebuçados de ovos, pelo licor ou pelas bolachinhas?
- Escolhe tu.
- Então um pouco de cada.
Os olhares trocam-se e os corpos voltam a incendiar-se perante o vislumbre do prazer que possa vir a ser alcançado.
Frente a frente de pernas cruzadas marido e mulher preparam-se para disfrutarem da sabedoria que têm um do outro. António despede do papel a pequena bola amarelo-gema, que ao ver-se livre do capa que a esconde faz refletir o brilho da finíssima camada de açúcar. Leva-a à boca onde a prende com a ponta dos lábios. Aproxima-se da esposa oferecendo-lhe a gema. Amália aceita-a. Nesse preciso momento a película de açúcar quebra-se libertando o creme doce e aveludado nas línguas que se enlaçam numa partilha do desejo saboroso. Terminada a prova António oferece uma das finíssimas bolachinhas de cerveja que sabe que a mulher tanto apreciar. Para os pequenos cálices deixa escorrer um fio contínuo do licor de groselha rubi. Trás os cálices para a cama, oferece um à esposa e num gesto propõe que brindem. Sorriem do amor correspondido. Num gesto ousado Amália quando leva o líquido licoroso aos lábios entreabre-os para que dos seus cantos um fio rubi resvale pela curva do queixo, do pescoço escorra atrevidamente até à linha que separa os seios ainda generosos.
- A minha esposa tem cada ideia… - Comenta ao seguir com os olhos o percurso que o fio cor de sangue faz na pele morena. – Deita-te.
António põe a nu o corpo que tão bem conhece e o excita, pega no pequeno cálice e faz escorregar o licor adocicado numa cascata que nasce no queixo, precipita-se pelo pescoço, contorna os mamilos hirtos, calca a zona do ventre desaguando na fundura do umbigo.
- Agora minha querida esposa vou deliciar-me com o teu sabor a romã.
- António, o que te deu hoje? – Inquere ao enfiar os dedos nos curtos cabelos
- Porque te amo e dei-me conta que não o dizia nem o demonstrava há demasiado tempo. - Assume com algum embaraço.
Nessa noite o casal Fonseca funde-se uma e outra vez, numa prova renovada do seu amor e do prazer que os seus corpos sentem por se verem um perto do outro. Renovada fica também o compromisso e o respeito mútuo.

 
Lúcia Papafina (março de 2014)
 
(Respeite os direitos de autor, não copie nem faça alterações ao texto descurando os procedimentos que a lei obriga. Obrigada.)


 


 

6 comentários:

Unknown disse...

Lúcia,
Mais uma vez ADOREI a tua escrita!
PARABÉNS! LINDO!
Continua...

Unknown disse...

Lindo amiga. Uma pequena/ grande msg de amor. Parabéns, beijocas

Maria Catarino disse...

Estou surpreendida com os teus contos. Lindo!!! Continua a escrever e a proporcionar-nos momentos fantásticos de leitura. Parabéns!!!

Lúcia Gonçalves disse...

É de palavras como estas e das mil e muitas visualizações que o conto já teve que a minha tenacidade para levar por diante a concretização de mais este sonho se alimenta e fortalece. A todos o meu abraço mais apertado. Obrigada.

Unknown disse...

Como sempre supreendente
Agora que nos encantas-te nao podes parar

Lúcia Gonçalves disse...

São. Parar? Está fora de questão. O blog trata-se de um singelo aperitivo para o manjar que está prestes a ser servido aquando da publicação do primeiro romance.