E quando não é Natal o
que fazemos?
Há já algum tempo que venho refletindo sobre esta simpatia
que invade os nossos gestos assim que o mês de dezembro inicia.
Reflito sobre os sorrisos que oferecemos e as vezes repetidas
que desejamos “Boas Festas”, “Feliz Natal” e “Feliz Ano Novo”. Pergunto-me… por
que razão, não o faremos, naturalmente, durante os restantes dias do ano?
Há já algum tempo que venho questionando o que teria de ser
feito para que essa alegria global, que enche de luz e brilho o mês de
dezembro, se prolongasse o ano inteiro?
Claro que não me refiro ao brilho das luzes que piscam, nem
tão pouco, ao brilho dos enfeites com que decoramos os espaços íntimos,
familiares e públicos. Claro que não!
Refiro-me ao brilho dos sentimentos, da cortesia de saudar as
pessoas e lhes desejarmos quotidianamente que tenham um bom dia e que sejam verdadeiramente
felizes. Ao brilho das nossas ações, das nossas palavras, dos nossos gestos no
sentido de contribuirmos para a felicidade do outro!
Quanto mais ouço a tão banalizada expressão “O Natal é quando
quisermos” mais ela me parece vazia de sinceridade. Lamento mas é o que penso!
Olho em redor e observo que na quadra natalícia estamos todos
mais sorridentes, mais simpáticos, diria mesmo até, mais empenhados em
cumprimentar e oferecer votos a quem connosco se cruza.
Não estou apresentar uma crítica. Não! Apenas, no meu
romantismo fora de moda (se calhar) gostaria que pelo menos o espírito
natalício de cumprimentar o outro, de lhe desejar um Feliz Dia se estendesse durante
os restantes dias do ano. Assim sim, o Natal seria quando um Homem quisesse!
Inevitavelmente vêm-me à memória umas tantas pessoas para as
quais durante o ano, aparentemente, não existo! Os nossos caminhos cruzam-se
com frequência e nada dizem, ou simplesmente viram o rosto para o lado, desviam
caminho e na quadra… esforçam-se por proferir as tão universais saudações
natalícias. Parece que é um gesto que se faz por habituação, não por ser
sentido! Que pena que assim seja… um sorriso faz tão bem… a quem o oferece e a
quem o recebe!
Pergunto-me qual a magia do Natal para transformar assim o
comportamento de algumas pessoas? O que teria de ser feito para que essa magia
de boa cortesia se prolongasse?
Tristemente concluo que nos deixamos contagiar pelo brilho
das luzes e dos enfeites, não pelo espírito de Natal, porque, uma vez as luzes
desligadas, os enfeites encaixotados, o pinheiro arrumado ou deitado fora e as
figuras do presépio escondidas dentro de caixas, o espírito natalício também é
guardado numa qualquer lâmpada mágica que O mantém prisioneiro até ao próximo
Natal.
Ao que parece, até é suposto desculparmos, sob o pretexto de que
é Natal, quem nos ignorou nos últimos trezentos e sessenta e cinco dias…
Terminada a quadra as pessoas voltam aos seus comportamentos pouco
sorridentes, distantes… nada natalícios!
Já agora… Para todos BOAS FESTAS PARA O ANO INTEIRO!
Mas um ABRAÇO SORRIDENTE, BEM APERTADINHO, BEM ACONCHEGADINHO
para quem nos últimos 365 dias me acompanhou, me fez sorrir e me abraçou as
vezes que fizeram falta. Em especial para as minhas FILHAS Leonor e Raquel.
Lúcia Gonçalves (dezembro 2015)