domingo, 22 de novembro de 2015

Resumo “O Monte das Tílias”



“O Monte das Tílias” é a verdadeira história de amor, com os enleios e encruzilhadas que marcam a vida quotidiana. Onde a esperança de que a felicidade pode ser alcançada se torna o objetivo basilar do enredo.
    Ao leitor é exigido ler com os cinco sentidos, “arquitetando” os aromas, as cores, os cheiros, o paladar, os cenários de um Alentejo verdadeiramente sedutor, devido à forma emotiva como cada detalhe é descrito.   
Os momentos íntimos, não chocando, são ousados e arrebatadores. A descoberta da intimidade é romântica, detalhada e muito, muito feminina.
A narrativa surge como uma ousada combinação entre a veracidade do contexto e a ficção do enredo, enriquecida pelo suspense dos mistérios que rodeiam a vida das personagens de Amélia e João Morgado e a luta para punir os vilões.

Uma história de amor, uma viagem no tempo, um policial, um roteiro pelas tradições alentejanas.

sábado, 21 de novembro de 2015

Às vezes pedimos emprestadas as palavras de alguém para nos vestirmos I

 Foi o que hoje aconteceu quando acompanhada por três amigas me desloquei à vila de Avis para assistir à cerimónia de inauguração da Biblioteca Municipal. Não vou negar que a motivação foi a presença de Pilar del Río.
Dos vários discursos que escutei quero simplesmente partilhar algumas das palavras com que Pilar del Río fez questão de presentear quem a escutou. Claro que não farei citações, nem tão pouco comentários, apenas relembrar as palavras que me tocaram como escritora.
Hoje foi um daqueles dias em que senti que estava na hora certa e no local certo. Pensei para comigo “Ainda bem que existem pessoas que conseguem na perfeição transmitir por palavras o que sentimos.”
Num tom cordial Pilar del Río lembrou as várias dezenas de pessoas que se encontravam no auditório que qualquer livro tem uma pessoa lá dentro: o seu autor. A escrita, seja ela de que género for, revela a personalidade do autor. Que ao decidir publicar o que escreve fica exposto porque decide escrever sobre este ou aquele aspeto e não sobre outro qualquer. Quem lê deve fazê-lo com respeito, quer pela pessoa que o escreveu, quer pela coragem que teve em fazê-lo. 

Obrigada Pilar.

Lúcia Gonçalves 

 



sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Quando nos permitimos viajar sem a bagagem dos problemas


Provavelmente ler uma crónica cujo tema seja o relato de uma ida a Lisboa nunca me convenceria. Mas a escrita tem a ousadia de tornar um assunto banal numa bem-disposta crónica, quer para quem se deleitou na sua escrita, quer para quem a lê com um sorriso nos lábios pela simplicidade da narrativa, mas não da reflexão que está propositadamente camuflada.
A subida que nos leva a saltitar de degrau em degrau até ao topo que é a realização dos sonhos, poderá ser feita no decorrer de viagens quotidianas. Depende da capacidade individual em concluir, ou não, que é nos momentos simples que se decidem as verdadeiras viragens nas nossas vidas. Que mais tarde poder-se-ão tornar em marcos no friso cronológico da nossa história.
Foi o que aconteceu um dia destes quando fui confrontada com a necessidade de ter de me deslocar a Lisboa com o propósito de tratar de assuntos relacionados com a publicação do meu romance “O Monte das Tílias”.
Pensará: “Qual o problema?”, “Qual o interesse?”
Responderei:
“Para a maioria nada de aventureiro com toda a certeza. Pois é… habituada eu a viagens de longo curso, de percorrer por vezes mais de mil quilómetros num dia, deparei-me com a evidência que nunca o tinha feito sozinha. Confesso que estive tentada a não ir. Mas a matéria-prima de que cada um de nós foi moldada, a uns faz arredar caminho, a outros reforça-lhes a tenacidade. Claro está que me incluo nestes últimos.
Passei então à etapa seguinte: como ir? Algumas hipóteses surgiram naturalmente outras da troca de opinião mais ou menos acalentada, porque confesso, às vezes… só às vezes, quero que me digam apenas o que quero ouvir. Naquele momento estava segura que o melhor seria partilhar aquela jornada com alguém que fosse próximo, que testemunhasse e reconhecesse a dimensão do passo que estava prestes a dar. Pretexto para esconder outros sentimentos. Por orgulho recusei O copo de água fresca que me estava a ser oferecido. Rabujei e devolvi uma “chuveirada” de água gelada.
Teimosamente mantive-me na mesma linha de pensamento. Vou de carro? Se vou de carro, vou sozinha? Peço boleia? A quem?
Falei com os meus botões. Aconselhei-me com o travesseiro. E decido pela alternativa que à partida me parecia a menos atrativa.
Vou na camioneta da Rodoviária. Comuniquei a familiares e amigos que muito mal conseguiram disfarçar a sua surpresa, se não mesmo desagrado, por tal decisão. Lamentei no momento não ter ali ao pé de mim O copo de água fresca para refrescar as ideias.
Bem, ultrapassada a questão do como me deslocar, no dia X lá fui eu a pé até ao terminal rodoviário, de mala a tiracolo, envelope do manuscrito abraçado junto ao peito e uma disposição do tamanho do azul ciano que se estendia para lá do IC13. A cada passada sorria de mim para mim e de mim mesma por não ter tido a lembrança, devido aos acontecimentos do dia anterior, em consultar a morada da editora, horários de transportes urbanos e outras tantas informações que as pessoas costumam recolher quando viajam sozinhas. Como não sou mulher de me atrapalhar enxotei essa preocupação como se de uma ave de rapina se tratasse. Regozijo-me por não me sentir nem insegura, nem preocupada. Apenas uma enorme satisfação por ter decidido viajar sozinha até a editora que vai publicar o meu romance. O caminho é meu. (Bebo um gole de água fresca).
A viagem foi apaziguadora. O tempo que durou foi profícuo. Um género de limbo entre recordações que me confortam e os projetos que tenho. Como não levo bagagem os problemas vão-se afastando à medida que a camioneta roda sobre a estrada de alcatrão. Pisco o olho para a imagem que está refletida na ampla janela.
À medida que o fim da viagem se vai aproximando vou entrando em contacto com o editor e é aí que sou confrontada com a informação que o destino não é a paragem na Gar do Oriente. Pelos vistos tenho de atravessar a capital até à Pontinha… onde quer que esse local seja! (Bebo um gole de água fresca). E agora? Olho em redor e identifico um rosto conhecido mesmo sentado no banco atrás do meu. Faço a questão mais vital no momento – Sabe como posso chegar à Pontinha? Para meu alívio logo ali fico a saber o local onde comprar o bilhete, que comboio apanhar e até mesmo o seu horário. Ligo ao editor, fazendo um discurso de quem está muito habituada a essas vidas de comboios urbanos, Metro e afins…
Já com o bilhete na mão dirijo-me para aquela que julgava ser a paragem da linha de Sintra. Olhei em redor tudo me era desconhecido. Não conhecia ninguém. Ninguém me conhecia. Tirei proveito do anonimato da cidade grande, aproveitei e exorcizei as mágoas. Naquela estação larguei definitivamente a carga que me recuso carregar. (Bebo um gole de água fresca). Já mais leve, durante o compasso de espera, começo a estudar o movimento dos comboios e não só me apercebo que estou do lado oposto para o qual pretendo ir, como também estou na linha errada. Oiço anunciar a aproximação do comboio. Com passo acelerado subo e desço escadas maldizendo a triste ideia de ter ido de saltos altos. Coisa rara em mim. Enfim, lá apanho o comboio e vou contando atentamente as estações que faltam para a minha próxima saída: Sete Rios. Em passo acelerado, porque ao que parece quando andamos nas grandes cidades rapidamente absorvemos o stress de quem nelas vive, saio da estação e vou seguindo a sinalética até ao metro. Entre passadas vou rindo do meu jeito quase citadino, pois ninguém diria que estou a fazer tudo aquilo pela primeira vez. É então que começo verdadeiramente a tirar proveito da minha própria companhia. (Bebo um gole de água fresca). Abraço com mais força o tesouro que é o meu manuscrito. Como que em prece agradeço quem teve a sinceridade de me propor esta viagem. Longe estaria, ou não, do alcance que ela teria no fortalecimento da minha independência.
O encontro com o editor faz-me sentir escritora. A linha do horizonte torna-se ao mesmo tempo mais extensa, mas também, mais próxima. As conversas são exclusivamente profissionais: ideias para a capa, biografia, sinopse, excerto, data, horário, convidados, contrato, local… “Estava capaz de me habituar a esta vida…”.
A tarde já vai a meio quando regresso à Gar do Oriente, sento-me no banco do ponto onde, estava eu convencidíssima, iria “apanhar” a camioneta da rodoviária que me traria de volta a casa. Maldigo pela enésima vez o facto de me ter deixado convencer pela vaidade e ter calçado o sapatos de salto alto. Sem me importar, pois também ninguém dá pela minha presença, descalço-me. (Bebo um gole de água fresca). Como ainda faltam uns longos minutos (julgava eu) até que a viagem inicie, dedico-me a um dos meus passatempos preferidos: observar o que se passa à minha volta e ir inventando vidas para quem passa consumido na sua azáfama. Das vidas imaginárias que concebo para aquela gente passo para a minha e para o dia que tive. As emoções saltam como trutas que com toda a força da genética nadam contra a corrente que as afasta do ponto do seu nascimento. (Bebo um gole de água fresca). Sem hesitar tiro da mala a habitual agenda onde escrevinho tudo o que não quero esquecer e mesmo ali, pelo bico de um lápis de carvão começo a redigir esta crónica. O mundo à minha volta deixa de existir. Naquele ponto da camioneta apenas existo eu e apenas eu, as folhas vão ficando preenchidas e os minutos vão-se gastando. Por uma fração de segundos olho para o relógio, estranho o facto de o motorista ainda não ter aberto a porta. Retiro o papel com o horário e num ato de iliteracia não o interpreto corretamente. Aliás não o fizera o dia todo, tal a vontade que não terminasse.
Finalmente, a dada altura a porta do minibus lá se abre. Apenas eu e um Sr. nos dirigimos para lá.
“Um bilhete para Portalegre, por favor.” Peço com a minha habitual simpatia.
“Esta camioneta não vai para Portalegre.” Responde o motorista prontamente.
“Ai vai, vai.” Respondo eu, enquanto procuro o horário na mala. (Toda a gente sabe como são as malas das senhoras).
“Não vai não. Vai para Alcácer do Sal. Hoje já não há camioneta para Portalegre. A última partiu às dezasseis horas.” Responde, tentando disfarçar o sorriso.
“Como? (acalma-te Lúcia deve haver uma solução. Bebo um gole de água fresca.) Como vou para casa? Sabe se ainda há algum expresso?”
“O último é às dezanove horas.” Responde
Consulto o relógio e vejo que tenho cerca de 45 minutos para chegar a Sete Rios. Sem saber explicar a minha primeira reação é rir.
“Bem, de metro não chegas lá a tempo. Olha, vamos tentar de táxi.”
Entro no táxi. À medida que vai saindo do parque de estacionamento vou explicando ao motorista a minha necessidade de chegar antes das dezanove horas. “É o último expresso para Portalegre”. Por entre as filas intermináveis de carros o taxista vai torneando um e outro veículo. Às dezoito horas e quarenta e cinco minutos chego à bilheteira. O roncar dos motores dos vários expressos que dentro de minutos partirão com seus passageiros ecoa pelo pavilhão. Suspiro de alívio. Mas foi um suspiro de curta duração. Olho para as bilheteiras, em qualquer uma delas tenho umas dez a quinze pessoas à minha frente. Ao que parece um problema nas comunicações do serviço multibanco será responsável pela demora na venda dos bilhetes. O último expresso para Portalegre parte quando tenho apenas duas a três pessoas à minha frente.
“E agora Lúcia? Porque não consultaste o horário com atenção? Andaste a passear como se não houvesse horários. À hora que deverias estar a entrar na camioneta, estavas no jardim a comer um gelado… e agora? Agora pensa!” Dialogo comigo mesma. (Bebo um gole de água fresca).
“Por favor ainda há algum expresso para Castelo Branco? E para Évora? Ah é verdade! E para Elvas? Então quero um bilhete para Elvas.”
À hora de embarcar sou das primeiras a entrar não vá por algum desígnio Divino perder transporte de tal dimensão. Já sentada, descalço os sapatos, riu de todas as peripécias.
“Oh mano, perdi os expressos todos, podes ir a Elvas buscar-me?” Peço entre gargalhadas que fazem sorrir todos o que se encontram sentados em meu redor.
O autocarro já acelera na autoestrada quando dou por mim a refletir sobre o dia passado. Sobre a importância de estarmos connosco mesmos. Sobre encontros, reencontros e desencontros. Sobre as encruzilhadas da vida. Durante um dia fui apenas responsável por mim mesma e estive na companhia das minhas vontades.
Refletindo depois de o dia ter chegado ao fim, no aconchego do meu sofá, concluo que por diversas razões acontece sermos seduzidos pelo brilho do caminho já desbravado. E fazemo-lo, ou por temermos a solidão das consequências das nossas decisões, ou porque procuramos uma bengala que nos guie e nos ampare a queda caso as pernas se enleiem nas decisões que tomamos. Infelizmente deixei-me ofuscar pelo brilho do caminho desbravado e rejeitei O copo de água fresca que me foi gentilmente oferecido por alguém que percebeu, primeiro do que eu, que aquela viagem a Lisboa iria representar para mim muito mais do que isso.
Estou tolamente feliz por esta jornada ter sido minha e só minha. Pelos vistos, algures entre o trajeto Portalegre – Lisboa tinha à minha espera o tal copo de água fresca que me tinha sido oferecido e que me foi saciando na viagem. Como peregrina que me sinto guardei-o onde guardamos os valores que consideramos preciosos. Neste dia apenas molhei os lábios pois o caminho é feito de muitas etapas.

Lúcia Gonçalves (novembro / 2015)

domingo, 15 de novembro de 2015

Novo romance "O Monte das Tílias"

Após alguns meses de "silêncio" venho reatar o nosso contacto partilhando a novidade que a apresentação do meu próximo romance está para breve. 

Irei dando notícias.

Boas Leituras